sexta-feira, 23 de março de 2012

Quatro décadas - ontem e hoje.

Bem hoje, meu aniversário, prometo não ser tão pessimista. Fiquei pensando em várias coisas para escrever, mas vou tentar não reclamar tanto da vida. Ao contrário vou tentar falar sobre as boas coisas e sobre como tudo mudou nestas quatro décadas que já vivi. Bem, vamos começar do começo ...

Nasci, bem toda história começa assim. Mas vamos falar do antes. Hoje, as mulheres fazem pré natal, tem vários exames, já sabem o sexo do bebê no terceiro ou quarto mês. Tenho um amigo, o Santana, que jura que sabe o dia em que sua mulher engravidou e que já sabia até que ia ser um menino. Segundo ele, devido, a fases da lua, ciclo menstrual e etc que só ele entende. Bem antes de eu nascer, basicamente era tudo na base da simpatia. Jogue um objeto pra grávida, quando ela está distraída e se ela abrir ou fechar as pernas já dava pra saber se era menino ou menina. Óbvio, ela tinha que estar sentada. Acho que se fechasse a perna era menino.
Pra nascer, hoje temos equipes médicas e toda tecnologia disponível, antes tinham as parteiras, o farmacêutico e se tivesse sorte um médico de verdade, daqueles do SUS. (riso), me lembro uma vez que fui usar o tal do INAMPS, fiquei com minha mãe umas 2 horas numa fila absurda de grande, pra marcar uma consulta. Tinha que sair de Pinhais (na época era Piraquara), para ir pra Curitiba ser atendido. Hoje, as coisas estão melhores, os postos de saúde quebram um galho.
Minha infância foi agradável, não sei como estou vivo ainda. Não tinha leite em pó, destes que tem um monte de vitaminas, não tinha dessas papinhas. Fralda? só de pano e com calça plástica. Se você quer ter filhos, vá fazendo as contas, fralda, lenço umedecido e leite. Fora roupas e vacinas. Sabe aquela vacina que deixa aquela marca no braço? Pois é tomei, e não fiquei com a tal marca. Quando fui vacinar meu filho, falaram, se não ficar a marca é porque a vacina não funcionou, tem que tomar de novo. Sorte ou azar, nunca tomei e ainda estou vivo. Lembro das brincadeiras que gostava, futebol, guerra (era general das minhas tropas, uns soldadinhos e alguns carrinhos, com os quais brincava com meu amigo Morto - que é vivo, morto é só o apelido). Nessa época infelizmente não tinha a Casa China, se tivesse seriamos mais felizes, quanto brinquedo barato. A Piazada da nossa época, se contentava em puxar uma latinha cheia de areia, de empinar raia (pipa, papagaio ou pandorga), de brincar de polícia e ladrão, de garrafão, esconde esconde. Era muito legal, entrar no meio do mato, fazer cabanas, ou fazer nosso campo de futebol. Eramos como os sem terra, entravamos, amassava o mato, queimava e dávamos um acabamento com as enxadas. Depois de uns três dias de trabalho, era só alegria. Nunca soube de um amigo, que fumasse, que ficasse bebendo. Jogávamos bola feito condenados, voltávamos pra casa, pretos, sujos e alegres. Troféu, qualquer trocado que conseguíamos quando ganhávamos um jogo. Vídeo game? pouco tinham, era um deles, mas fomos jogar muito tarde, lá pelos 13 anos. Hoje, qualquer pia, tem um PlayStation com 3 anos e já sai jogando. Praticamente não tinha, menino gordo, bem eu não conto, ninguém parava em casa, ninguém ficava parado. Tinha moleque, que já trabalhava. Hoje, ainda tem alguns que nem querem saber disso, mesmo estando com mais de 20 nas costas.
Namoradas, tive umas três, nunca durava muito, não era tão maduro. Mas quem tinha, realmente gostava e era sempre uma coisa  séria. Hoje, se troca de parceiro(a)  ha cada 15 minutos numa balada. (risos) Me lembro que as únicas baladas que frequentei eram umas festinhas da igreja quando ainda fazia catequese. A menina que eu mais detestava, acho que era mutuo o sentimento, era a única que sempre queria dançar comigo. Gostava de musica lenta, não sabia dançar e ainda não sei, era mais fácil enganar que estava dançando mesmo.  Tinha que levar um refri ou bolo, e sempre levava meu toca discos pra ter som na festa. Nessa época, ninguém que eu me lembre tinha namorada, aliás o que era legal na época era a competição meninos e meninas, odiávamos elas.
Fiz CEFET, estudei bastante, fiz estágio, fui escoteiro, tinha minhas bandas de Punk Rock - O The Jack's e a Esquadrilha Abutre. Como era divertido, fico pensando se meus filhos vão ter a mesma sorte que tive. Sempre tive bons amigos, éramos unidos. Hoje, as amizades já são diferentes. Tenho "amigos" no Facebook uns 70 (você deve estar achando pouco!, mas acho muito). Tem volta e meia uma mensagem de alguém que quer ser meu amigo mas que eu nunca vi e que mora sabe lá onde. E essa porcaria de programa que incentiva você a "fazer amizade" com alguém te tem algo em comum com alguém com quem você nem sempre fala, inteligência artificial. Graças a estes programas, alguns até lembraram que hoje é meu aniversário, aproximadamente 2 pessoas. Até agora 8:57 AM de 23/03/2012, não ganhei de ninguém de carne e osso, um abraço um feliz aniversário. (riso) Tecnologia tão idiota que me faz por ter duas ou três contas de e-mail, ter dois perfis no Facebook, e eu ainda recebo mensagem dizendo pra mim que o meu aniversário é hoje e que eu posso mandar uma mensagem de "parabéns" pra mim (riso). Que saudade, do tempo em que eu acordava, no aniversário, e ganhava um parabéns e sabia que poderia fazer o que queria no dia, pois era o meu dia.
Mas o tempo passa, vem o casamento, vem a filha, vem o divorcio. Vem o segundo casamento, vem um filho , vem outro e o tempo passa. O certo é que aproveitei, não foi tudo o que queria pra mim, acho que sempre queremos demais. Ainda tenho algum tempo pra fazer alguma coisa boa alguma coisa por mim. Não parece, mas sempre penso nos outros. Antigamente fazia planos, hoje deixo que as coisas aconteçam, não sei se desisti de lutar, se estou cansado de lutar ou simplesmente não tenho o porque lutar. Só não quero ficar "sentado no trono de um apartamento esperando a morte chegar", como falou o Rauzito. 

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