quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Ensinando o cérebro a aprender melhor

Por TARA PARKER-POPE

Uma boa nota sempre significa que o aluno aprendeu a matéria? E uma nota baixa significa que um aluno apenas precisa estudar mais?
Em seu novo livro "How We Learn: The Surprising Truth About When, Where, and Why It Happens" (como aprendemos: a surpreendente verdade sobre quando, onde e por que acontece), Benedict Carey, repórter de ciência do New York Times, desafia a noção de que uma pontuação alta em um teste corresponda a um verdadeiro aprendizado. Ele argumenta que, embora uma boa nota possa ser conseguida no curto prazo quando se estuda para uma prova, há grandes chances de que a maioria das informações seja rapidamente perdida.
Carey oferece aos estudantes um novo modelo de aprendizagem baseado em décadas de pesquisas sobre o cérebro, testes de memória e estudos sobre o tema. Ele vira pelo avesso a ideia de que estudar muito é a única coisa necessária para ser um aluno bem-sucedido, oferecendo uma investigação detalhada do cérebro para revelar exatamente como aprendemos.
"A maioria de nós estuda e espera estar fazendo a coisa certa", diz Carey. "Mas costumamos adotar uma noção estática e limitada de como a aprendizagem deve ocorrer."
Sessões de estudo longas e focadas podem parecer produtivas, mas é possível que você esteja gastando grande parte de sua inteligência na tentativa de se manter concentrado. "É difícil ficar sentado e se concentrar por várias horas", diz Carey. "Você está dedicando um enorme esforço só pelo fato de estar lá, quando existem outras maneiras para tornar o aprendizado mais eficiente e interessante."
Uma dica é mudar o ambiente de estudo de tempos em tempos. Em vez de ficar estudando em sua mesa durante horas, buscar um novo cenário irá criar novas associações no cérebro. "O cérebro quer variação", diz Carey. "Quer se mexer, quer fazer pausas."
Ao estudar apenas uma vez de forma concentrada, o aluno não dá sinais ao cérebro de que a informação é importante. Por isso, embora a sessão inicial de estudos dê início ao aprendizado, é a revisão, alguns dias depois, que força o cérebro a recuperar a informação - essencialmente identificando-a como importante.
Outra maneira de sinalizar ao cérebro que a informação é importante é falar sobre ela. Fazer testes e anotar informações em fichas também reforça a aprendizagem.
Outra técnica é chamada de aprendizagem distribuída, ou "espaçada". Carey a compara a regar a grama. Você pode regá-la uma vez por semana por 90 minutos, ou três vezes por semana por 30 minutos. A rega espaçada manterá a grama mais verde ao longo do tempo. Repetir as lições alguns dias ou uma semana depois, em vez de numa sequência rápida, envia ao cérebro um sinal mais forte de que ele precisa reter a informação.
Cientistas identificaram os intervalos ideais. Se a prova está marcada para daqui a uma semana, planeje duas sessões de estudo com intervalos de um a dois dias. Se a prova for daqui a um mês, comece estudando com intervalos de uma semana.
Dormir é uma parte importante de estudar bem. A primeira metade do ciclo do sono ajuda a reter os fatos; a segunda metade é importante para habilidades matemáticas. Então, um aluno que tiver uma prova de idiomas deve ir para a cama cedo, a fim de conseguir uma maior retenção durante o sono. Para os estudantes de matemática, é melhor fazer a revisão logo antes de ir dormir.
"O sono finaliza o aprendizado", diz Carey.

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