Nikolai Seest - Porvir - Terra Educação - 06/06/2013 - São Paulo, SP
Em seu clássico On the Road, Jack Kerouac dizia gostar das pessoas que
queimam como fogos de artifício. Hoje, o que não falta são jovens com a
cabeça em ebulição de tantas ideias. E nem sempre são ideias simples.
Muitos destes “pequenos” idealistas querem desenvolver projetos que,
além de ser a base para a carreira que pretendem seguir, podem mudar o
mundo. Para ajudar esses jovens a inovar, o educador e empreendedor
dinamarquês Nikolai Seest já realizou mentorias em mais de 300 projetos
de negócios criativos em seu país e também no exterior, como foi o caso
Yes!, na Groelândia, que reúne um grupo de jovens empreendedores para,
em 2 anos de formação, resolver problemas culturais, econômicas e
ambientais do meio em que vivem.
Por
conta dessa experiência com inovação e empreendedorismo, Seest foi
convidado pelo Ministério da Educação da Dinamarca a criar uma
iniciativa que auxiliasse professores que também desejassem inovar em
sala de aula, o que resultou no Pioneer. A metodologia do projeto é
simples e direta: mãos na massa. Por isso, desde 2007 foram criados
diversos worskhops, encontros, campanhas e revistas que trazem um
compilado de informações sobre o tema. Em passagem recente pelo Brasil,
Seest diz que ficou encantando com as escolas democráticas, mas
completa, com bom humor: “Gostaria de ter visitado escolas tradicionais.
Só conheci escolas democráticas e fiquei com a impressão que a educação
no Brasil é inovadora, gostaria de ter uma visão mais ampla”.
Apesar
de ter passado pouco tempo, o educador afirma que ficou impressionado
com o número de pessoas engajadas e que querem uma nova educação, com
mais impacto. “Sei que pode demorar muito tempo para que aconteçam
mudanças. Mas é fato que muitos já entendem o que está ai como obsoleto e
já estão buscando novidades. Isso é uma tendência global e a
transformação é inevitável”, diz. Antes
de ir embora, Seest deixou umas das revistas da Pioneer e autorizou o
Porvir a traduzir um cartaz que os professores dinamarqueses colavam em
suas salas de aula. Confira as dicas.
Dez passos para ter mais inovação no ensino e no aprendizado:
1 – Dos horários fixos para as atividades dinâmicas
Organizar
o ensino de maneira mais dinâmica e aproveitar as oportunidades que
surgem durante o processo. Fortalecer a improvisação.
2 – Dos conhecimentos adquiridos dentro da sala de aula para aqueles obtidos fora da escola
O aprendizado ocorre em todos os lugares - na sala de aula e no mundo
que nos rodeia. Hoje, as crianças e os jovens obtêm informações de
muitas fontes, e a realidade exterior desempenha um papel cada vez maior
no ensino e na aprendizagem.
3 – Do conhecimento teórico ao conhecimento aplicado na prática
Os alunos usam o conhecimento teórico como base para a concepção e
desenvolvimento de soluções práticas para problemas concretos,
realistas.
4 – De respostas certas às perguntas abertas
Os
alunos não devem apenas ser incentivados a dar as respostas certas, mas
também a agir como antropólogos, curiosos e repórteres que trazem novos
conhecimentos valiosos que podem ser usados ??para a criação de novas
perguntas.
5 – De problemas fictícios para os desafios reais
Motivar os alunos a explorarem a realidade ao redor, em vez de ficar inventando problemas para serem resolvidos.
6 – Da aprendizagem passiva para uma participação ativa
Transformar os alunos em agentes ativos, criadores. Eles devem se envolver na geração de novos conhecimentos e novas soluções.
7 – De aprender com a cabeça para aprender com o corpo inteiro
O ensino deve mesmo inspirar os alunos a tocar, cheirar e mergulhar num
assunto em vez de apenas ler um livro ou olhar para uma tela.
8 – De trabalhos individuais para a solução de problemas em conjunto
Em
vez de priorizar o trabalho individual do aluno, colocar um problema no
centro de todos eles, para que o conhecimento individual contribua para
a resolução em conjunto.
9 – Do professor como especialista onisciente para o professor como facilitador
O professor deve ajudar a trazer novos conhecimentos em vez de ficar
narrando velhos conhecimentos. Ele é responsável por seu método e deve
usar técnicas e ferramentas diferentes para ensinar.
10 – Da sala de aula formal a oficina experimental
A
sala de aula deve ser um laboratório para a experimentação, em vez de
um ambiente rígido e formal. Elas precisam ser espaços onde os erros são
permitidos.
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